horizonte | Alice Gelli

o horizonte ficou curvo

the horizon just curved

costura sobre papel / thread on paper

fotos analógicas @rrelva_

A performance, documentada através das fotos analógicas, expande os
limites do objeto e cria uma relação com o espaço e a escala do corpo-obra.
Foram mais de 50 metros de papel de seda costurados na máquina. Foram
milhares de espirais imperceptíveis nas fotos, mas revelados no videoarte.
Existe uma relação mântrica com o gestual nesta obra. A repetição do gesto
é uma afirmação poética inerente a pesquisa artística.
Foram dois anos costurando esse objeto-obra que se manifestou em
performance, fotoperformance, videoarte, escultura e ocupável buscando
sempre estabelecer paralelos entre o corpo e o espaço, entre a obra e a
mutabilidade inerente a matéria.

A estabilidade é uma utopia, enquanto estivermos vivos estamos em constante transformação. A tal busca pelo equilíbrio pode ser extremamente frustrante, talvez a aceitação da inconstância possa de alguma forma aliviar a alma.

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Percorremos longas distâncias, buscamos manter um norte. Seguimos em frente e daqui a pouco o horizonte ficou curvo, aquela linha que parecia tão firme amolece. Damos voltas e voltas. Criamos rotinas, construimos novos hábitos, agora fazemos assim. Somos as nossas decisões, mas elas nem sempre são totalmente nossas. Corremos em uma direção apressadamente e é nesse instante que o fio se rompe, que o chão afunda criando um buraco.

Perceber no fundo do poço a oportunidade de aprendizado. Criar coragem para olhar pro que não nos agrada. Valorizar a superfície enquanto nela, o topo do vale como espaço de respiro mas não deixar de dar atenção para as profundezas. Somos feitos de ciclos.

Stability is an utopia. As long as we’re alive, we’ll be under constant transformation. The so-called search for balance can be extremely frustrating; maybe the acceptance of impermanence can somehow relieve the soul. We travel long distances, we try to guide ourselves. We carry on and, in a moment, the horizon is curved. That line, which seemed to be so steady, seems to relent. We go round and round. We create daily routines, we build new habits, now we do things this way. We are the result of decisions we have made, but these aren’t always completely ours. We run towards a given direction in a hurry and it’s at this moment that the thread breaks, the ground gives way, and a hole is created.

To realize that reaching rock bottom is a learning opportunity. Build courage to look at things that aren’t agreeable to us. To value the surface while on it, the top of the valley as room for breathing but never overlooking the depths. We are made of cycles.